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NBA no Brasil até 2016

20 de out. de 2010

Quando o comissário David Stern anuncia em uma coletiva de imprensa que a NBA fará jogos de pré-temporada no Brasil em no máximo seis anos, é notícia grande.

Vamos “colocar os pingos nos is”: durante uma coletiva de imprensa em Paris, na França, nesta quarta-feira (6 de outubro), para promover uma das paradas da turnê NBA Europe Live 2010, Stern respondeu a uma pergunta de um repórter brasileiro (não sei de que veículo era; pelo vídeo da coletiva a que assisti no NBA.com, só consegui entender que seu primeiro nome era Pedro) sobre quando o Brasil seria incluído nas excursões internacionais de pré-temporada da liga. O comissário disse que isso “provavelmente” acontecerá antes da Copa do Mundo de 2014, e colocou os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 como um “prazo B”. Além disso, acrescentou que a liga pretende abrir um escritório no país em breve.


Até 2016, os brasileiros terão a oportunidade de ver os astros da NBA ao vivo, a poucos metros de distância, assim como os ingleses. Será que Kobe Bryant vem?



São ótimas notícias. Por anos, os diretores da NBA para a América Latina vêm dizendo da possibilidade de partidas de pré-temporada no Brasil, mas quando esse tipo de declaração sai da boca do manda-chuva da liga, tem muito mais credibilidade. Ver jogos envolvendo times da NBA em solo brasileiro é um antigo sonho de todos os fãs da liga no país. Se for como na Europa, em que as equipes americanas também enfrentam times locais, seria ainda mais divertido: imaginem um confronto entre o Cleveland Cavaliers de Anderson Varejão e o Flamengo em plena HSBC Arena! O Cavs provavelmente venceria por diferença esmagadora, mas seria interessante do mesmo jeito.

A presença de um escritório da liga no Brasil é melhor ainda. Há anos, a NBA vem investindo em ações de marketing e desenvolvimento do nosso basquete, ciente do potencial de consumo que este vasto território tem. Com uma representação oficial permanente, a expectativa é que essas ações se expandam e tornem-se mais constantes, o que pode ajudar a reestabelecer o basquete como um esporte de massa no país.

Para não dizer que só falei de flores, Stern também disse em sua entrevista que está discutindo a possibilidade de organizar jogos da WNBA na França, que, segundo o comissário, é “talvez o melhor mercado” para o basquete feminino neste momento. Será que há algum movimento para trazer partidas da liga americana feminina ao Brasil também? Ouvir que a França está sendo considerada para jogos da WNBA antes de nós mostra como o país parou no tempo na modalidade feminina. Somos campeões mundiais, temos jogadoras campeãs e All-Stars da liga, e mesmo assim, o mercado interno para o basquete entre as mulheres está em seu pior estado nos últimos 30 anos. Que a CBB aproveite essa maior aproximação da NBA para fomentar a categoria.

O mesmo Leandrinho

Muitos jogadores nas categorias de base já tiveram que carregar essa responsabilidade nas costas: “ser o futuro do basquete brasileiro”. A maioria não chega nem perto de atingir esse status, mas acho que Leandrinho foi o atleta que mais sentiu isso na pele.

O ala/armador se destacou cedo e provou que mesmo jovem já tinha condições de jogar no alto nível. Aos 19 anos, Leandrinho já estava na Seleção Brasileira que disputou o Campeonato Mundial de 2002, nos Estados Unidos. O jogador começou a competição como uma simples promessa e terminou como um dos principais nomes do basquete nacional.

A ascensão foi rápida demais e, consequentemente, as cobranças vieram também. Dizem que ele é fominha, que ele não sabe jogar coletivamente, que o arremesso dele não é bom, que ele não sabe marcar, que ele é arrogante, entre outras coisas.

Em toda competição que Leandrinho disputa com a Seleção Brasileira, a torcida sempre pega no pé. E na temporada passada, então, que o atleta ainda encontrou dificuldade no seu time da NBA, o Phoenix Suns. Muitas pessoas duvidaram do potencial dele.

Agora, ninguém se lembra desse mesmo Leandrinho, aos 20 anos de idade, sendo personagem principal do Tilibra/Bauru na conquista do título brasileiro de 2002, e aparecendo como o segundo cestinha da competição, atrás apenas do lendário Oscar Schmidt. No ano seguinte, esse mesmo garoto chegou à NBA, escolhido pelo Phoenix Suns na primeira rodada do Draft, e, mais tarde, conquistou o honroso título de “Melhor Sexto Homem” da temporada 2006/2007, com médias de 18 pontos, quatro assistências e 2,7 rebotes por partida.


Desde 2002, Leadrinho carrega a responsabilidade de liderar o basquete brasileiro.


Leandrinho é uma realidade do basquete mundial, não só em nível brasileiro. A ida para o Toronto Raptors será fundamental para o ressurgimento do ala/armador na NBA e nós brasileiros temos que torcer por isso. Estamos bem próximos de conseguir a sonhada vaga olímpica para Londres 2012, daqui menos de um ano, e precisamos estar com força total. Torcedores, críticos e fãs do basquete, queiram vocês ou não, Leandrinho ainda é o cara da nossa Seleção.

Campo de treinamentos minado

4 de out. de 2010

Começaram os campos de treinamento por toda a NBA. Obviamente, o campo mais disputado pela mídia é o do Miami Heat, onde os três free agents mais cobiçados do verão americano estão treinando juntos. Segundo reportagens, cerca de 300 membros da mídia estiveram no Media Day (data que abre as atividades oficiais em cada time, com o elenco à disposição para entrevistas) do Miami. A ESPN enviou um âncora, dois comentaristas e alguns repórteres para cobrir o primeiro dia de treinos de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh juntos, em uma base militar na Flórida. E aí eu leio isto:

“Vai haver muitos eventos não-tradicionais no itinerário do Heat nesta semana, incluindo palestrantes convidados, encontros com membros do exército, até uma chance de os jogadores passarem por treinamento real – fazendo coisas como carregar bombas (de mentira) e navegar por situações simuladas de batalha (...)” – retirado de uma reportagem da Associated Press.

Deve ser muito legal ir a uma base militar e passar por essas experiências todas. Mas eu pensei que o “Grande Trio” estava em Miami para conquistar títulos, não para treinar com o exército. O repórter, provavelmente tentando não queimar pontes com suas fontes para a temporada, ameniza no parágrafo seguinte e escreve, “Apesar disso, o que importa nesta viagem é o basquete.” Será mesmo? Ou será que esta viagem é sobre mídia? A questão é: como se concentrar em basquete com tantas distrações ao redor?


LeBron, Wade e Bosh são o centro das atenções na pré-temporada da NBA.



Alguns podem alegar que ficar em South Beach seria muito pior, pois Miami é cheia de boates, praias, mulheres e tudo mais que costuma desviar o foco de jogadores. É verdade. A intenção da direção da franquia é, certamente, entrosar o elenco fora de quadra através dessas atividades “extracurriculares”, e talvez criar um sentido de responsabilidade em torno da “missão” de conquistar o título. Mas há outras formas de passar essa mensagem sem colocar seus atletas em risco físico. E vamos combinar que, entrosamento fora de quadra, esse grupo já tem; afinal, maquinaram esta reunião em Miami nos bastidores, e rechearam o elenco com veteranos amigos.

Pelo menos, o time que se coloca como grande adversário do Miami, o Los Angeles Lakers, também terá de lidar com muitas distrações na sua pré-temporada, com uma excursão pela Europa organizada pela NBA e toda a pressão de defender um bicampeonato. Mas Boston Celtics, Orlando Magic e Chicago Bulls, principais desafiantes na Conferência Leste, terão campos de treinamento livres de drama, além de material de estudo farto sobre o Rubro-Negro floridiano.